Com quinze anos, quase como hoje, preferia vestir e calçar tudo o que fosse prático: t-shirts ou camisas, calças de ganga, ténis ou sandálias. Usava o cabelo curto e nunca me maquilhava. Aliás, não havia nas minhas gavetas qualquer produto com o qual pudesse fazê-lo.
Acontecia o mesmo com quase todas as jovens com as quais convivia. Algumas, esmeravam-se um pouco na roupa e na maquilhagem, em dias de festa.
Penso que havia uma certa liberdade nessa forma de estar. Sobrava-nos também mais tempo. Escolher roupa, para o dia-a-dia ou para sair à noite, testar e fazer a maquilhagem roubam tempo e sossego, sobretudo porque há a preocupação de que tudo fique impecável, para nos sentirmos bem ou para causarmos impacto nos outros.
Noto que, atualmente, a norma é o contrário daquilo que fui. As raparigas começam ainda antes dos 14/15 anos a preocupar-se com a imagem. Maquilham-se diariamente, fazem as unhas como se fossem adultas e são vítimas da moda, comprando desenfreadamente roupa, calçado e acessórios, de que rapidamente se cansam, para imitar ídolos e influencers.
Vivo dividida entre a admiração que sinto por esta geração que tem gosto em cuidar da imagem, em ousar, umas vezes um pouco, outras mais, e a preocupação com esta importância que se dá em demasia à imagem e ao consumismo.
Estarei a ficar velha?
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