Com quinze anos, quase como hoje, preferia vestir e calçar tudo o que fosse prático: t-shirts ou camisas, calças de ganga, ténis ou sandálias. Usava o cabelo curto e nunca me maquilhava. Aliás, não havia nas minhas gavetas qualquer produto com o qual pudesse fazê-lo.
Acontecia o mesmo com quase todas as jovens com as quais convivia. Algumas, esmeravam-se um pouco na roupa e na maquilhagem, em dias de festa.
Penso que havia uma certa liberdade nessa forma de estar. Sobrava-nos também mais tempo. Escolher roupa, para o dia-a-dia ou para sair à noite, testar e fazer a maquilhagem roubam tempo e sossego, sobretudo porque há a preocupação de que tudo fique impecável, para nos sentirmos bem ou para causarmos impacto nos outros.
Noto que, atualmente, a norma é o contrário daquilo que fui. As raparigas começam ainda antes dos 14/15 anos a preocupar-se com a imagem. Maquilham-se diariamente, fazem as unhas como se fossem adultas e são vítimas da moda, comprando desenfreadamente roupa, calçado e acessórios, de que rapidamente se cansam, para imitar ídolos e influencers.
Vivo dividida entre a admiração que sinto por esta geração que tem gosto em cuidar da imagem, em ousar, umas vezes um pouco, outras mais, e a preocupação com esta importância que se dá em demasia à imagem e ao consumismo.
Estarei a ficar velha?
Que texto necessário! Trouxeste, com delicadeza e lucidez, uma reflexão que é também um espelho de gerações. A forma como resgatas a simplicidade de outrora sem julgamentos duros, apenas com um olhar atento e honesto, é comovente. Também me vejo dividida entre a admiração e a inquietação: ao mesmo tempo em que reconheço a liberdade de expressão que a estética pode oferecer, preocupa-me o peso que a imagem vem ganhando tão cedo. Não, não estás a ficar velha estás a ficar ainda mais atenta. E isso é sabedoria. Obrigada por compartilhar essas memórias e questionamentos tão pertinentes.
ResponderEliminarObrigada,
Fernanda!
Até na escola primária já se pintam! Unhas, olhos e lábios! E não são poucas as garotas que o fazem. Admira-me que as mães permitam tal ridículo e sou bruta! Digo a essas miúdas que não têm idade para ir assim para a escola, que é feio, que estragam a pele e que nas minhas aulas não as quero assim. Que para brincar em casa, tudo bem, mas para a escola, é feio. Mas ligam pouco aos meus sermões. Continuam a fazê-lo. Não acho normal estes comportamentos e muito sinceramente não admiro nem as crianças/jovens que o fazem e muito menos as mães que não as sabem orientar. O sonho (pobre de espírito) de muitas, é mesmo ser influencer. Tinha inclusivamente alunas que já tinham canais de youtub. É ridículo e preocupante, na minha opinião. Claro que nenhuma destas alunas era uma boa aluna!
ResponderEliminarO mundo está a ficar um lugar estranho.
Beijinhos.
Espero que esteja tudo bem contigo😊😊😊