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domingo, outubro 08, 2017

Retrato

A foto do cartão da escola do 9.º ano

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.


Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.


Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida
a minha face?


Cecília Meireles, Antologia Poética

sábado, abril 15, 2017

Renova-te


Cântico XIII
Renova-te.
Renasce em ti mesmo.
Multiplica os teus olhos, para verem mais.
Multiplica os teus braços para semeares tudo.
Destrói os olhos que tiverem visto.
Cria outros, para as visões novas.
Destrói os braços que tiverem semeado,
Para se esquecerem de colher.
Sê sempre o mesmo.
Sempre outro. Mas sempre alto.
Sempre longe.
E dentro de tudo.
Cecília Meireles
Com votos de Páscoa Feliz, para quem a vive e de dias felizes para todos.

segunda-feira, maio 12, 2014

Retrato



Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração que nem se mostra. 
Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles

terça-feira, agosto 28, 2012

Lua adversa



(No início da noite de ontem, a lua tinha este aspecto.)

Tenho fases, como a lua 
Fases de andar escondida, 
fases de vir para a rua... 
Perdição da minha vida! 
Perdição da vida minha! 
Tenho fases de ser tua, 
tenho outras de ser sozinha. 

Fases que vão e vêm, 
no secreto calendário 
que um astrólogo arbitrário 
inventou para meu uso. 

E roda a melancolia 
seu interminável fuso! 
Não me encontro com ninguém 
(tenho fases como a lua...) 
No dia de alguém ser meu 
não é dia de eu ser sua... 
E, quando chega esse dia, 
o outro desapareceu...

Cecília Meireles

quinta-feira, abril 05, 2012

Renova-te


Com votos de Páscoa Feliz e/ou de bom descanso!

terça-feira, outubro 11, 2011

Retrato

Eu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração que nem se mostra.
Eu não dei por esta mudança,
tão simples, tão certa, tão fácil:
Em que espelho ficou perdida a minha face?

Cecília Meireles




sábado, outubro 08, 2011

Vou tentar seguir

o conselho que Cecília Meireles pôs nestas palavras que hoje vieram ter comigo e que, suspeito, são apenas parte de um poema que eu não consigo encontrar:


"Não vou deixar a porta entreaberta.
Vou escancará-la ou fechá-la de vez.
Porque pelos vãos, brechas e fendas,
passam semiventos,
meias verdades e muita insensatez".


Cecilia Meireles

terça-feira, julho 12, 2011

O último andar



No último andar é mais bonito:
do último andar se vê o mar.
É lá que eu quero morar.


O último andar é muito longe:
custa-se muito a chegar.
Mas é lá que eu quero morar.


Todo o céu fica a noite inteira
sobre o último andar
É lá que eu quero morar.


Quando faz lua no terraço
fica todo o luar.
É lá que eu quero morar.


Os passarinhos lá se escondem
para ninguém os maltratar:
no último andar.


De lá se avista o mundo inteiro:
tudo parece perto, no ar.
É lá que eu quero morar:
no último andar.


Cecília Meireles

quarta-feira, outubro 01, 2008

Tu tens um medo

Tu tens um medo: 
Acabar. 
Não vês que acabas todo o dia. 
Que morres no amor. 
Na tristeza. 
Na dúvida. 
No desejo. 
Que te renovas todo o dia. 
No amor. 
Na tristeza. 
Na dúvida. 
No desejo. 
Que és sempre outro. 
Que és sempre o mesmo. 
Que morrerás por idades imensas. 
Até não teres medo de morrer. 

E então serás eterno.

Cecília Meireles