Aquilo que na ficção são segundas oportunidades que o Universo, a conspirar, dá às pessoas, na realidade não passam de coincidências.
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domingo, abril 22, 2018
domingo, dezembro 03, 2017
Memórias do frio
Em repetição por aqui, porque Dezembro não é apenas o Natal e todo o consumismo inerente. Dezembro é, mais do que isso, as memórias do frio, dos gestos pequenos que enchiam o coração e das pessoas cuja presença serena nos abraçava.
Tu ignoras esse Natal
que persiste na minha memória
e me aconchega.
Falo desse Natal que é ainda o meu avô
a abrir, às manhãs frias, a porta
que dava para o cortinheiro*.
Ou um santo António
a assomar numa nota de vinte escudos,
a cor e o aroma das tangerinas
e das laranjas, que se ofertavam ao menino.
O Natal em que a roupa dormia, gelada,
no estendal da varanda,
a chama e o calor da fogueira que procurávamos
depois da missa do galo, quando as luzes da aldeia
se apagavam.
Os almanaques do tio, o arroz doce da tia,
que repousava na sala que só se abria
para as visitas em dias de festa.
Foi num desses natais
que recebi o meu primeiro relógio.
A partir de então,
aprendi a voracidade das horas,
o efeito corruptor do tempo.
deep, Dezembro de 2013
*quintal
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domingo, novembro 26, 2017
Também não sei
Não sei como dizer-te que minha voz te procura
e a atenção começa a florir, quando sucede a noite
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
esplêndida e vasta.
Não sei o que dizer, quando longamente teus pulsos
se enchem de um brilho precioso
e estremeces como um pensamento chegado. Quando,
iniciado o campo, o centeio imaturo ondula tocado
pelo pressentir de um tempo distante,
e na terra crescida os homens entoam a vindima
— eu não sei como dizer-te que cem ideias,
dentro de mim, te procuram.
Quando as folhas da melancolia arrefecem com astros
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
ao lado do espaço
e o coração é uma semente inventada
em seu escuro fundo e em seu turbilhão de um dia,
tu arrebatas os caminhos da minha solidão
como se toda a casa ardesse pousada na noite.
— E então não sei o que dizer
junto à taça de pedra do teu tão jovem silêncio.
Quando as crianças acordam nas luas espantadas
que às vezes se despenham no meio do tempo
— não sei como dizer-te que a pureza,
dentro de mim, te procura.
Durante a primavera inteira aprendo
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
os trevos, a água sobrenatural, o leve e abstracto
correr do espaço —
e penso que vou dizer algo cheio de razão,
mas quando a sombra cai da curva sôfrega
dos meus lábios, sinto que me faltam
um girassol, uma pedra, uma ave — qualquer
coisa extraordinária.
Porque não sei como dizer-te sem milagres
que dentro de mim é o sol, o fruto,
a criança, a água, o deus, o leite, a mãe,
o amor,
que te procuram.
Herberto Helder
Há poemas, datas e pessoas que não esquecemos, por mais que o tempo passe e as rugas e cabelos brancos se mulipliquem e as mágoas se acumulem...
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segunda-feira, novembro 20, 2017
Das publicações visitadas
Sós, eternamente
Estamos sós.
Não o negues.
Os amigos chegam,
ruidosos e afáveis,
com risos e migalhas de tempo.
Partilham memórias de infância,
alegrias e angústias presentes.
Ofertam fruta e compotas.
Sentam-se à nossa mesa
para brindar ao amor ou à vida.
A felicidade em fatias.
Chegada a noite, recolhem escombros
e partem.
Sós. Eternamente.
Como nós.
deep, (talvez) Setembro de 2017
Este devaneio, que publiquei aqui no dia 12, tem motivado repetidas visitas a este blogue. Curiosamente, esse post não tem um único comentário. Confesso que fico curiosa sobre os motivos, bons ou maus, que trazem pessoas aqui.
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terça-feira, julho 25, 2017
Palavras dos outros
«na verdade, apesar de tanto saber que ele exibia, foi apenas tristeza que lhe deixou, abandono e descrença. não é coisa bonita de se fazer acompanhar na vida.»
Quando as palavras nos faltam, há sempre alguém que encontra as certas para que possamos dizer o que sentimos. Obrigada, ana.
domingo, junho 11, 2017
3 ou 4 euros
Conheço-o há alguns anos. Não recordo se por ter trabalhado com um familiar próximo. Sempre que me encontra, pergunta-me pelo meu pai, que conhece há muitos mais anos. Reformou-se cedo e cedo começou a vaguear pelas ruas e a fazer dos cafés poiso habitual. Com o tempo, o seu aspecto, mais fruto da bebida do que da idade, foi-se degradando. Ultimamente, vejo-o muitas vezes no jardim, quando vou ao quiosque alguns fins de tarde. O corpo e o olhar denunciam a mesma ansiedade de alguns traficantes que também param por lá. Quando está menos ébrio, cumprimenta-me, sempre com respeito e deferência. Outras vezes, evita-me; outras ainda, de tão bêbado, não dá por mim.
Hoje, no fim da manhã, quando o jardim começava a ficar vazio, esperou que a amiga que estava comigo entrasse no carro, para me abordar. Com a educação de sempre, perguntou-me se podia pedir-me um favor. Acrescentou que esquecera o cartão multibanco em casa e que precisava de comer qualquer coisa. «Se puder emprestar-me 3 ou 4 euros... quando voltar a vê-la, dou-lhos.», disse. Fiquei sem saber o que fazer. Acabei por lhe dar 4 euros que tinha no porta-moedas, mesmo sabendo que os gastaria, dentro de minutos, em bebida.
domingo, abril 30, 2017
Talvez tenha de ser assim
Há momentos em que sentimos mais que as pessoas à volta de afastam. Percebemos que, nalguns casos, não há retrocesso. Nunca, como nos últimos tempos, vi tanta gente afastar-se. Aos poucos, ficam apenas os amigos mais antigos e, ainda assim, nem todos, Felizmente, com a idade, tornamo-nos mais resistentes às perdas.
sábado, março 25, 2017
Era bom, era
Dizem-lhe que está igual. Dizem-lhe que os anos não passam por ela. O espelho costuma dizer-lhe o contrário. Os vincos multiplicam-se no seu rosto. A um ritmo pouco acelerado, é certo. Os cabelos brancos começam a surgir, espetados, por entre a cabeleira castanha. As roupas, um pouco mais largas, afiançam-lhe que as pessoas mentem. Porque são simpáticas - ou querem parecê-lo. Porque não encontram outras palavras para gastar os minutos ou segundos que distam do encontro à despedida. Ou talvez as pessoas, essas que lhe dizem, com um sorriso, aparentemente franco, que está igual, tenham uma visão distorcida pelo tempo que passou e, por isso, já não se lembrem de como ela era há anos.
É certo, porém, que há dias, como hoje, em que se sente mais jovem, em que esquece a idade e os estragos que esta e a falta de cuidado foram operando em si. Talvez seja dos ténis que há dias se ofereceu e que usa até no local de trabalho, ou do anoraque com capuz debruado a pelo, igual ao de algumas adolescentes que conhece. Ou talvez seja só uma vontade grande de não envelhecer que os outros, os que lhe dirigem comentários elogiosos, vêem nela.
terça-feira, janeiro 31, 2017
Insubstituíveis
Costuma dizer-se que não há ninguém insubstituível. Considero que nem sempre é verdade. Podemos ser facilmente substituíveis numa função, mas não como pessoas, porque, passando o cliché, somos seres únicos e, nesse sentido, insubstituíveis. Tal, contudo, não quer dizer que não possamos ser dispensáveis. Com a idade, aprendemos a afastar as pessoas que nos magoam e nos desconsideram. Essas passam a ser as dispensáveis. (Porquê insistir em manter perto quem nos desconsidera e magoa, com gestos, omissões ou cinismo?)
Insubstituíveis são as pessoas que nos faltaram pela morte e que fizeram diferença nas nossas vidas, porque nos ensinaram a ser melhores, porque foram generosas na distribuição das horas, porque estiveram connosco quando precisámos. Insubstituíveis são as pessoas que continuam a fazer-nos falta depois de muitos anos e nas quais pensamos em primeiro lugar quando gostaríamos de ter um desabafo, de pedir um conselho ou de partilhar uma música ou uma passagem de um livro.
Insubstituíveis são as pessoas que nos faltaram pela morte e que fizeram diferença nas nossas vidas, porque nos ensinaram a ser melhores, porque foram generosas na distribuição das horas, porque estiveram connosco quando precisámos. Insubstituíveis são as pessoas que continuam a fazer-nos falta depois de muitos anos e nas quais pensamos em primeiro lugar quando gostaríamos de ter um desabafo, de pedir um conselho ou de partilhar uma música ou uma passagem de um livro.
sábado, janeiro 21, 2017
Nós e os outros
«Daqui a uns dias, reze por mim e acenda uma luzinha.»
O sinal de interrogação no meu rosto fê-la continuar: «Vou ser operada no IPO.»
Tentei umas palavras de conforto, que saíram desajeitadas. Que palavras não são desajeitadas em circunstâncias destas?
«Sei que não vai à missa, L..»
«Às vezes, vou à missa.», retorqui.
«Isso não importa. O que importa é o que está aí dentro e, aí dentro, há um coração grande.»
Aproximou-se à procura de um abraço. Depois, numa atitude egoísta, fui eu que procurei nela outro abraço.
«Não se esqueça de rezar por mim.», disse quando começou a descer as escadas em direcção à rua.
domingo, dezembro 11, 2016
Olha para ti, que bonita estás!
Há uns anos, recebi, pelo correio, a árvore do Advento que se vê na imagem. Foi um gesto de carinho de uma prima que vive em Amesterdão e que a comprou numa feira de artesanato.
Durante anos, as gavetas permaneceram vazias e a árvore pousada num móvel do escritório, excepto na época de Natal em que eu a transfiro para um local mais visível.
No início do mês, no intuito de "dar que fazer" às minhas sobrinhas, enquanto esperavam pelo jantar, pedi-lhes que escrevessem mensagens para guardar nas gavetas da árvore. Entusiasmadas, corresponderam à minha solicitação. O resultado: pedacinhos de felicidade, desenhada ou escrita, que diariamente me arrancam sorrisos.
As primeiras palavras que hoje li foram as que servem de título ao post. Como não sorrir?!
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sexta-feira, dezembro 02, 2016
Punir ou não punir?
(Imagem da net)
Não sou, por natureza, vingativa. Tenho, inclusive, dificuldade em "dar bofetadas com luva de pelica". Algumas vezes, por preguiça, outras porque a indiferença me parece a atitude mais acertada. A vingança significa sempre que nos importamos, é um sinal de que o outro, de certa forma, nos domina.
Há, contudo, situações que me deixam a pensar se não será necessário haver uma acção pedagógica para não haja repetições e para que a impunidade não leve a melhor.
Na segunda-feira, à hora de almoço, quando me aproximei do carro, na companhia de uma amiga, a quem fiquei de levar a casa, percebi que um dos pneus estava completamente vazio. Fiquei sem saber o que fazer, uma vez que a minha relação com o carro passa quase exclusivamente pela condução.
A minha amiga, entretanto, ligou ao marido, que veio, rapidamente, ao nosso encontro, para nos socorrer. Percebi, no dia seguinte, quando dispus de algum tempo para passar numa recauchutagem, que não tinha sido furo, mas que alguém tinha esvaziado o pneu. A minha suspeita de que teria havido "crime" ganhou forma de certeza.
Na quarta-feira, um dos autores (porque ainda não tive oportunidade de apurar se houve mais), procurou-me para confessar que fora ele quem esvaziara o pneu. Espantei-me com a minha calma. Perguntei-lhe por que cometera tal acto e se tem noção do transtorno que me causou. Disse-me que tinha sido um ato de vingança, por eu ter actuado numa situação em que não poderia deixar de o fazer e que o envolvia.
Nesta ocorrência, chocam-me o espírito vingativo e a maldade, mas choca-me mais ainda perceber que o autor só se retractou por medo, uma vez que lhe foi dito que tinha sido visto, e não por arrependimento.
domingo, novembro 20, 2016
Das manifestações de ternura
Ontem, quando, no início da manhã, cheguei a casa dos meus pais para um dia de apanha de castanhas, a minha mãe mostrou-me o presente que a minha irmã enviou ao meu pai, que faz hoje 77 anos. No pacote, chegou também um desenho da sua autoria, acompanhado de algumas palavras sentidas, dispostas em verso.
O meu pai leu as palavras e ficou em silêncio. Eu e a minha mãe lêmo-las de seguida, com a autorização dele. A minha mãe, talvez incomodada com o silêncio do meu pai, perguntou-lhe se, de facto, as tinha lido. Eu fiquei tão emocionada que não consegui evitar que os olhos ficassem marejados de lágrimas.
Fiquei, sobretudo, emocionada com a coragem da minha irmã, com o carinho que demonstra e com uma "frontalidade" na expressão de sentimentos que nunca acontece entre nós. Há, na nossa família, várias formas de mostrar ternura, de mostrar que se gosta, mas evitam-se as palavras "lamechas", carregadas de sentimento, assim como os abraços. Essa frontalidade têmo-la todos apenas com as duas mais novas.
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quinta-feira, outubro 13, 2016
Bob Dylan
«Gosto muito da música do Mr. Dylan e, é certo, música supõe quase sempre poesia e poesia é literatura... mas Prémio Nobel?»
Escrevi esta "provocação" no Facebook, sabendo que corria o risco de ser "linchada". Pelo menos uma pessoa viu nas minhas palavras uma menorização da poesia, como se fosse um género inferior de literatura e, por isso, não digno de ser nomeado como Nobel.
Não foi esta a ideia que eu quis passar. Dei a minha opinião, que é tão válida como a de outra pessoa qualquer.
Gosto imenso de Dylan. Há canções que sei de cor, fascinam-me as letras, as músicas, a voz, mas não o vejo como um Nobel da Literatura. Talvez seja ignorância, preconceito ou deformação profissional, mas, por enquanto, não me habituei à ideia. Tenho direito, não?
sexta-feira, junho 03, 2016
Os enamoramentos
«[...] muitas de nós, mulheres, tendemos a ser optimistas e no fundo presunçosas, mais profundamente que os homens, que, no terreno amoroso, só o são passageiramente, esquecem-se de continuar a sê-lo: pensamos que hão-de mudar de atitude ou de convicções, que descobrirão paulatinamente que não podem passar sem nós, que seremos a excepção nas suas vidas ou as visitas que acabam por ficar, que por fim de hão-de fartar dessas outras invisíveis mulheres que começamos a duvidar que existam e preferimos pensar que não existem, à medida que vamos reincidindo com eles mais os vamos amando com grande pesar nosso; que seremos as eleitas se tivermos paciência de permanecer ao seu lado quase sem queixas nem insistências. Quando não provocamos imediatas paixões, acreditamos que a lealdade e a presença acabarão por ser premiadas e por ter mais durabilidade e mais força que qualquer arrebatamento ou capricho. Nesse caso sabemos que dificilmente nos sentiremos lisonjeadas [...].»
«Não podemos pretender ser os primeiros, ou os preferidos, somos apenas o que está disponível,os restos, as sobras, os sobreviventes,o que vai ficando, os saldos, e é com esse pouco nobre que se edificam os maiores amores e se fundam as melhores famílias, é essa a proveniência de nós todos, produto que somos da casualidade e do conformismo, dos descartes e das timidezes e dos fracassos alheios, e ainda assim daríamos às vezes fosse o que fosse para continuarmos junto de quem descartámos um dia de um sótão ou de um leilão [...].»
Javier Marías, Os Enamoramentos
Uma análise lúcida e curiosa das relações humanas.
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segunda-feira, fevereiro 22, 2016
Abraçar
(Imagem surripiada do mural da minha irmã que, por sua vez, o surripiou de outro mural)
Não veríamos, é certo, todos os nossos problemas resolvidos, como por decreto, se nos abraçássemos mais, mas esses problemas parecer-nos-iam mais pequenos e sentir-nos-íamos mais amados, certamente.
Lembro-me que, quando éramos crianças, logo que ouvíamos o meu pai chegar, eu e os meus irmãos corríamos para as escadas, que eram interiores, na tentativa de cada um ser o primeiro a beijá-lo. Tenho memória de o meu pai brincar connosco, de nos fazer cócegas para nos ver rir às gargalhadas, ou de a minha mãe desenhar, de forma rudimentar, flores e pássaros, quando lho solicitávamos. Não tenho, contudo, memória de abraços. Hoje, há, sem dúvida, entre nós, outras formas de manifestarmos o carinho que nos une, mas não os abraços.
Recordo, com saudade, como tudo era tão mais fácil quando frequentava a faculdade. Havia então uma cumplicidade grande entre alguns de nós, que levava a que , não só os abraços, como as lágrimas, as confidências e também muito as alegrias emergissem sem pudor.
Pelo contrário, actualmente abraçar é quase um gesto em vias de extinção. São muito poucas as pessoas que abraçam e que o fazem de coração e que percebem como tomar o outro nos braços e apertá-lo contra si pode ser um gesto regenerador.
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Thank you, stranger
... for your therapeutic smile!
No início da manhã, quando seguia a caminho do trabalho, cruzei-me com um senhor e uma menina, que caminhavam lado a lado, de mão dada. Suponho, considerando a idade de um e de outro, que sejam avô e neta. Mal me aproximei, a pequena ergueu a cabeça na minha direcção e, prontamente, pronunciou um «Bom dia!» que, de tão jovial e honesto, parecia transportar um sinal de Primavera.
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segunda-feira, janeiro 18, 2016
Quadrilha
Pena é que não possamos amar quem frontalmente confessa amor por nós e que tenhamos de sofrer por quem não consegue amar-nos, ou não consegue amar-nos como desejamos.
Hoje ocorreu-me Drummond de Andrade e a sua "Quadrilha":
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sábado, janeiro 16, 2016
Menina, solte o cabelo
«Para imprimir e colar no espelho», como disse uma amiga. Para repetir mentalmente, como um mantra, todos os dias, acrescento eu. Porque, apesar dos pesares, merecemos o mar e merecemos amar. Mais: merecemos que nos amem pelo que somos. Ainda que sejamos baixinhas e com peso a mais. Ainda que, por vezes, sejamos birrentas e embirrentas. Ainda que estejamos longe da perfeição...
terça-feira, janeiro 05, 2016
Desonestidade
Uma das piores atitudes que alguém pode ter numa relação, seja de amizade, de amor ou de trabalho, é a desonestidade. Sobretudo quando uma das partes se esforça por agir de forma transparente e dá à outra parte a oportunidade de agir da mesma forma.
A desonestidade nas relações nasce, em certa medida, do egoísmo. «Sou desonesto, porque é confortável para mim» é um dos princípios de quem pensa apenas em si. Quem assim se comporta não desenvolve empatia em relação às pessoas com quem se relaciona, não consegue colocar-se no lugar do outro e imaginar que os seus comportamentos podem magoar. Além disso, não raras vezes, menospreza a inteligência alheia, insistindo em jogos de palavras com o propósito de iludir ou seduzir, valendo-se inicialmente, da boa fé da sua "presa" e, depois, da incapacidade desta para dizer «não» ou do medo de magoar quem, na verdade, já não merece qualquer tipo de consideração.
Pelo que tenho observado, pessoas com estas características importam-se pouco com o facto de magoarem e de perderem quem os considera ou ama. Dói-lhes mais perder o domínio que têm ou julgam ter sobre os outros.
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