Não era longo, nem erudito.
Era apenas a leve pena
de um pássaro no meu ombro,
a luz coada que me chegou
o cheiro a feno...
Aconteceu -me um poema.
Ou talvez não fosse um poema.
Apenas um eco, uma brisa,
um grão de areia a morder-me
a memória...
Talvez fosse somente
esse aroma verde de mentrastos,
tinta de amoras nos dedos.
Talvez não fosse um poema...
Para se escrever um poema,
dizem os entendidos,
é preciso ser-se poeta,
é preciso saber escandir os versos,
acertar a métrica, o ritmo e,
com inteligência, a rima.
Para se ser poeta, é preciso que alguém
nos conceda o nome e o estatuto.
É preciso saber usar, com mestria,
figuras de retórica e insinuar sentidos ocultos.
É provável que não me tenha acontecido,
afinal, um poema,
mas vi nascer na página algo que lembra
uma flor a brotar no asfalto.
Gostei muito do poema e da foto!
ResponderEliminarBeijinhos:))
Muito obrigada, Isabel. :) Beijinhos
EliminarPara se escrever um poema é só preciso sentir tudo o que as palavras, sempre tão cúmplices, nos querem dizer. Eu adorei este poema.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Muito obrigada, Graça. :) Um beijo
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