«Quando estudante universitária, detestava
Schopenhauer; mais tarde, compreendi que devia reter da sua teoria que qualquer
relação sentimental é uma possibilidade de agressão, e, quanto mais deixo um
homem aproximar-se, mais vias se abrem pelas quais o perigo me pode atingir.
Não me foi fácil admitir que eu devia, para mais, contar com Emerence, a sua
existência tornara-se uma das componentes da minha vida e, no início, fiquei
apavorada com a ideia de a perder, se lhe sobrevivesse, o que aumentaria o meu
exército de sombras, cuja presença imanente e intangível me perturba e me
mergulha no desespero.
Esta tomada de consciência em nada se modificou pelo
comportamento de Emerence, variando segundo um número incalculável de chaves:
por vezes, ela tratava-me de um modo tão rude que um estranho, se assistisse,
se espantaria porque tolerava isso. Tal não contava: há muito que eu já não
prestava atenção aos movimentos tectónicos que agitavam a superfície de
Emerence; ela deve ter descoberto o mesmo, e, por mais que não quisesse
arriscar o coração, (...) também ela não podia escapar à sua afeição por mim.»
Magda Szabó, A Porta
Por vezes assusta a possibilidade de ter porque se pode perder. Parece interessante o livro, Luísa. Beijinhos
ResponderEliminarMuitas vezes, mais do que gostaríamos, Paula.
ResponderEliminarO livro é bonito, ainda que seja emocionalmente pesado.
Beijinhos
Uma partilha muito sensível.
ResponderEliminarBeijo
Parece uma leitura interessante :)
ResponderEliminarDesejo-te um bom fim-de-semana:)
Obrigada, Pérola.
ResponderEliminarBom domingo. :)
Sim, Isabel, é interessante, mas nem sempre fácil, do ponto de vista das emoções.
Obrigada pelos votos. Bom domingo. :)