terça-feira, maio 14, 2013

Por vezes, ignoramos



Por vezes, ignoramos o leito do rio,
ignoramos que há barcos que se perdem
na voragem dos dias.

Buscamos, pela tarde,
a sombra das árvores,
o canto primordial de um regato.

Ansiamos por um canto de ave,
pela suave ondulação de uma seara.

Mas vê como, subitamente,
a luz afrouxa com a passagem
das horas.

Repara como a margem
se fez lamacenta,
como é maior agora
a distância entre os meus dedos
e o teu cabelo.

Em breve, nada sobrará
que possa ser, entre nós,
dádiva...

Deep/ Maio de 2013

8 comentários:

  1. Com o tempo nem tudo se perde...às vezes há coisas que se aprimoram!!

    Poema sublime, com grande intensidade poética!

    Abraço!

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  2. Obrigada, Cristina, pelas palavras e pela visita. Abraço. :)

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  3. Uma coisa pelo menos vai sobrar: Esse belo poema. Meu beijo.

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  4. Há sempre uma luz

    no outro lado do cais

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  5. E, no entanto, neste dizer tao belo, há um sentir que fica, e que trará tudo de novo... nesta ou noutra dádiva que a vida fará encontrar :)

    Gostei muito.

    Beijo amigo

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