sábado, março 07, 2009
a todas as mulheres...
Luísa sobe,
sobe a calçada,
sobe e não pode
que vai cansada.
(...)
Saiu de casa
de madrugada;
regressa a casa
é já noite fechada.
Na mão grosseira,
de pele queimada,
leva a lancheira
desengonçada.
Anda Luísa,
Luísa sobe,
sobe que sobe,
sobe a calçada.
(...)
Chegou a casa
não disse nada.
Pegou na filha,
deu-lhe a mamada;
bebeu da sopa
numa golada;
lavou a loiça,
varreu a escada;
deu jeito à casa
desarranjada;
coseu a roupa
já remendada;
despiu-se à pressa,
desinteressada;
caiu na cama
de uma assentada;
chegou o homem,
viu-a deitada;
serviu-se dela,
não deu por nada.
(...)
Na manhã débil,
sem alvorada,
salta da cama,
desembestada;
puxa da filha,
dá-lhe a mamada;
veste-se à pressa,
desengonçada;
anda, ciranda,
desaustinada;
range o soalho
a cada passada;
salta para a rua,
corre açodada,
galga o passeio,
desce a calçada,
chega à oficina
à hora marcada,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga,
puxa que puxa,
larga que larga;
(...).
António Gedeão, Calçada de Carriche
em especial a uma amiga que tem sido um exemplo de grande coragem...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Belo poema!
ResponderEliminarFeliz dia da mulher tb pa ti.
Bjinhos wandolas
Sempre actual, sempre necessário lembrar!
ResponderEliminarbeijinho
~CC~
Um dia muito feliz para si também.
ResponderEliminarCarpeDiem
Odete Santos ficará sempre associada a este poema. Ela di-lo de uma forma tal que se sente a força do poema em cada sílaba que se ouve - isto é saber "dizer poemas" ou "poemar" (amar o poema), concordas?
ResponderEliminar***
Boas lembranças, a do poema e a do poeta neste dia !
ResponderEliminarabraço
________ JRMARTO
O dia já lá vai, mas vivo-o intensamente nas calçadas que também percorro todos os dias...subo que subo, corro que corro, caio que caio...e volto a correr, pois tem mesmo que ser!
ResponderEliminarBeijinhos!