Luz
Um holofote de mil trezentos watts
Roubava a toda a sala qualquer sombra.
Cada móvel tinha um nítido perfil
E um mar de luz erguia-se da alfombra.
Cada móvel dir-se-ia posto ao calhas
Por mão gigante, e como barreira
Ofegava um monstro aparador.
Parecia incendiada a sala inteira.
Em chamas estava uma meda de trigo
fulgindo num quadro, e não se sabia
Se era cenário novo, se antigo.
Vivia ali alguém? Não se diria
Mesmo com tanta luz, nada se via. Tal que neste poema.
Esperas digo.
in Contrabando, Gerrit Komrij, tradução do neerlandês de Fernando Venâncio
O JRMarto teve a gentileza de deixar, na caixa de comentários de um dos posts anteriores, este poema para a Beth, a minha prima brasileira que vive em Amesterdão, que lê e se expressa em Português. Em nome da prima: obrigada pela oferta!
Numa atitude verdadeiramente "oportunista", aproveito para, com as palavras do poeta, desejar a todos BOM FIM-DE-SEMANA!
* Título do post, não do poema
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