sexta-feira, dezembro 05, 2025

É quase Natal

 Porque o Natal está quase aí e também se faz de boas memórias... 



Tu ignoras esse Natal
que persiste na minha memória
e me aconchega.
Falo desse Natal que é ainda o meu avô
a abrir a porta que dava para o cortinheiro
às manhãs frias.
Ou um santo António
a assomar numa nota de vinte escudos,
a cor e o aroma das tangerinas
e das laranjas, que se ofertavam ao menino.
O Natal em que a roupa dormia, gelada,
no estendal da varanda,
a chama e o calor da fogueira que procurávamos
depois da missa do galo, quando as luzes da aldeia
se apagavam.
Os almanaques do tio, o arroz doce da tia,
que repousava na sala que só se abria
para as visitas em dias de festa.
Foi num desses natais
que recebi o meu primeiro relógio.
A partir de então,
aprendi a voracidade das horas,
o efeito corruptor do tempo.

deep, dezembro de 2013

Este ano, infelizmente, é menos uma pessoa querida à mesa. Restam as boas memórias e a saudade.

Sem comentários:

Enviar um comentário