quinta-feira, maio 28, 2020

Por vezes


(Gimonde, Bragança)
Por vezes
Por vezes, ignoramos o leito do rio,
ignoramos que há barcos que se perdem
na voragem dos dias.

Buscamos, pela tarde,a sombra das árvores,
o canto primordial de um regato.
Ansiamos por um canto de ave,
pela suave ondulação de uma seara.
Mas vê como, subitamente,
a luz afrouxa com a passagem
das horas.
Repara como a margem
se fez lamacenta,
como é maior agora
a distância entre os meus dedos
e o teu cabelo.
Em breve, nada sobrará
que possa ser, entre nós,
dádiva...

2 comentários:

  1. Ignoramos tanta coisa enquanto a luz se faz sombra com a passagem das horas e as distâncias se tornam inquietas… Lindíssimo poema!
    Uma boa semana com muita saúde.
    Um beijo.

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