sábado, março 21, 2020

Que não nos falte a poesia

... o a capacidade de a vermos nos pormenores.

Toda a poesia
é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.

Eugénio de Andrade, Os Sulcos da Sede

Feliz dia da poesia!

2 comentários:

  1. Que não nos falte a poesia, claro. Com o Eugénio de Andrade sempre a inspirar-nos. Que bom lê-lo aqui.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

    ResponderEliminar