Depois de tanto tempo, experimenta
sair pé ante pé do teu inútil
abrigo subterrâneo,
afasta o medo ao menos uma vez
e sobe num rompante decidido
as escadas de incêndio do coração.
sair pé ante pé do teu inútil
abrigo subterrâneo,
afasta o medo ao menos uma vez
e sobe num rompante decidido
as escadas de incêndio do coração.
Depois de tudo isso, não desistas
de contemplar de novo o planeta,
a paisagem lunar do teu corpo,
a terra calcinada onde nasceu
a erva radioactiva a que chamavas
paixão e era só
alarme falso, anúncio colorido
onde brilhava a luz extraterrestre
dos rostos, tantos rostos onde os sinos
tocavam a rebate.
de contemplar de novo o planeta,
a paisagem lunar do teu corpo,
a terra calcinada onde nasceu
a erva radioactiva a que chamavas
paixão e era só
alarme falso, anúncio colorido
onde brilhava a luz extraterrestre
dos rostos, tantos rostos onde os sinos
tocavam a rebate.
Depois de tantas fugas sem perdão,
dos truques que falhaste, dos feitiços
que já não funcionam,
o que tens a perder? Já não sabes
manejar bem o astrolábio
e a bússola não é de confiança,
mas agora não tens, nunca tiveste
qualquer alternativa.
dos truques que falhaste, dos feitiços
que já não funcionam,
o que tens a perder? Já não sabes
manejar bem o astrolábio
e a bússola não é de confiança,
mas agora não tens, nunca tiveste
qualquer alternativa.
Depois de tantos rostos,
ouves ainda a noite, coração?
Conheces a matéria de que é feito
o vento quando bate
em rostos como esses? Saberás
decifrar pela milésima vez
a razão sem razão, o sentido
que nunca fez sentido da palavra amor?
ouves ainda a noite, coração?
Conheces a matéria de que é feito
o vento quando bate
em rostos como esses? Saberás
decifrar pela milésima vez
a razão sem razão, o sentido
que nunca fez sentido da palavra amor?
Fernando Pinto do Amaral, Poemas Escolhidos
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