quarta-feira, outubro 24, 2018

De volta aos piercings e aos bordados

Li, "de raspão", que a Fernanda Câncio ridicularizou, nas redes sociais, a Dina Aguiar pelo facto de esta ter o hábito de se despedir diariamente dos espectadores com um "Até amanhã, se Deus quiser". Não sei se a Dina Aguiar é crente (suponho que o seja) e se a expressão decorre dessa crença ou se é um automatismo de alguém que, tendo, como eu, uma origem rural e de província, interiorizou essas e outras expressões. Eu não uso a expressão e é muito raramente que vejo o programa, mas, nas poucas vezes que o vi, não reparei nesse hábito da apresentadora, talvez porque tal não me provoque urticária. 
Podemos sempre advogar que o canal é público e laico, mas talvez não tenhamos o direito de impedir que a apresentadora "denuncie" publicamente a sua crença.
Quanto às palavras e à atitude da Fernanda Câncio entendo-as como um sinal de pouca tolerância e da arrogância de alguém pensa que só somos cultos se formos urbanos e citadinos e que Portugal se restringe à capital.
Este episódio, com contornos de fait-divers, lembra-me um texto que escrevi há tempos e leva-me, de novo, ao conceito de "tolerância". Talvez eu própria esteja a ser pouco tolerante com uma das partes...

13 comentários:

  1. O ato de tolerar é em si já um pressuposto discutível pelo facto de admitir uma espécie de superioridade do que tolera em relação ao que é tolerado. Quanto à questão propriamente dita, é uma briga que não dará "pano para mangas", "se Deus quiser".

    Beijinho

    Lídia

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    1. Tem razão, Lídia,tolerar supõe uma certa superioridade, como ser condescendente. Penso que não dará, de facto, pano para mangas. :)

      Beijinho

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  2. Já tenho ouvido essa forma de despedida da Dina Aguiar e até acho interessante ela assumir a expressão "se Deus quiser", precisamente porque não é habitual noutros profissionais da comunicação social e é um detalhe que a caracteriza. Tal como outros detalhes caracterizam outros jornalistas ou apresentadores de programas televisivos. Não conheço os termos em que a F. Câncio criticou a Dina Aguiar, mas o facto é que todos nós podemos, por vezes, padecer de alguma falta de tolerância. Atire a primeira pedra quem nunca se riu de alguém.

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    1. Como referi, luisa, nunca tinha dado conta que ela usa a expressão, penso, como referi, que é tão natural nela que nem se dá conta. É certo, todos somos intolerantes em diferentes circusntâncias.

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  3. Pensava que era sobre a Manuela Moura Guedes...
    Tenho dúvidas, compreendo a expressão se usada no dia a dia, mas a TV e é a pública confere outras responsabilidades e há entre os portugueses crentes e não crentes.
    ~CC~

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    1. CC, é certo que, sendo a RTP uma televisão pública, há da parte dos seus profissionais algumas responsabilidades, contudo penso que ela use a expressão sem essa intenção de manifestar a sua crença.

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  4. Cada vez mais as pessoas e também os jornalistas se pegam ao chamado "politicamente correcto". Por que motivo alguém se há-de incomodar por ser dito "se Deus quiser"? Não vejo nenhuma razão…
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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    1. Graça, há menos mal ainda quando reflecte um automatismo que resulta de vivências da pessoa em causa.
      Boa semana. Beijo

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  5. curioso! também eu nunca reparei nesse "até, amanhã de Deus quiser..."
    será por ser eu ateu, graças a Deus?

    abraço

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    1. Com sentido de humor tudo fica melhor, Manuel Veiga. :)

      Abraço

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  6. Boa semana para todos.

    Abraços. :)

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  7. Já ouvi essa expressão à Dina Aguiar e até achei giro.
    Acho que pessoas que criticam uma coisa dessas são umas tolas, que se acham muito inteligentes. Tanto "politicamente correcto" enjoa. O "politicamente correcto" é uma forma de repressão que já cansa.

    Beijinhos:))

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    1. Tens razão, estamos a cair no extremo do "politicamente correto". :) Beijinhos

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