Ela disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele disse: Sou um rio.
Ficaram em silêncio à janela
cada um à sua janela
olhando a sua cidade, o seu rio.
Ela disse: Não sou exactamente uma cidade.
Uma cidade é diferente de uma cidade
esquecida.
Ele disse: Sou um rio exacto.
Agora na varanda
cada um na sua varanda
pedindo: Um pouco de ar entre nós.
Ela disse: Escrevo palavras nos muros que pensam em ti.
Ele disse: Eu corro.
De telefone preso entre o rosto e o ombro
para que ao menos se libertassem as mãos
cada um com as suas mãos libertas.
Ela temeu o adeus, disse: Sou uma cidade esquecida.
Ele riu.
Filipa Leal
Somos...e os sentimentos que nos tolhem os movimentos!
ResponderEliminarbj
O rio passa e se calhar acaba por se esquecer da cidade.
ResponderEliminarmuito bem
ResponderEliminaradoro estes trocadilhos poéticos
beijo
Armando, os sentimentos tolhem-nos os movimentos algumas vezes, outros fazem-nos ir em frente. :)
ResponderEliminarBj
luisa, há rios que se esquecem e outros, espero, sentem-se orgulhosos das cidades. :)
Manuel, também gosto, dos trocadilhos e das metáforas. :)
Beijo