quinta-feira, janeiro 05, 2017

Não foi nada, não foi nada

Talvez houvesse uma flor
aberta na tua mão.
Podia ter sido amor,
e foi apenas traição.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua. . .
Ai de mim, que nem pressinto
a cor dos ombros da Lua!

Talvez houvesse a passagem
de uma estrela no teu rosto.
Era quase uma viagem:
foi apenas um desgosto.

É tão negro o labirinto
que vai dar à tua rua...
Só o fantasma do instinto
na cinza do céu flutua.

Tens agora a mão fechada;
no rosto, nenhum fulgor.
Não foi nada, não foi nada:
podia ter sido amor.

David Mourão Ferreira

5 comentários:

  1. :) Belo post

    DMF um dos meus favoritos.

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  2. Obrigada, cc. :)

    Grande, grande, Mar Arável. :)

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  3. Tão simples, tão bonito.
    Mas ainda assim, não sei se sabemos quando é e quando não é amor, às vezes tudo parece equilibrar-se numa divisão tão ténue.
    ~CC~

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  4. Não sabemos, CC. Nunca nada é preto e branco, há muitos tons de cinza ou outros mais coloridos. :)

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