(Um dos "bonecos" da minha irmã)
Nos natais que recordo, as manhãs eram geladas - nas casas, a única fonte de calor era a lareira - e não fosse a ansiedade de desembrulhar os presentes, o frio era mais do que pretexto para preguiçarmos mais um pouco na cama, até que os apelos da mãe se transformassem em ameaça. Na noite de consoada,comia-se - e ainda se come - polvo e bacalhau cozidos, acompanhados de couve, rábanos e batatas e das iguarias doces que são comuns a quase todo o país.
Nesse tempo da infância, Natal sem Missa do Galo não era Natal. Havia no ritual de sair a desoras de casa e de regressar às escuras - nas aldeias, a iluminação pública estava ligada apenas até à meia-noite ou uma hora - uma cumplicidade ímpar. Na igreja, entoavam-se cânticos próprios da época, beijava-se o Menino, a quem se oferecia, simbolicamente, laranjas (que algumas crianças mais pobres recebiam também no sapatinho como presente). O presépio, como hoje ainda acontece, era feito com musgo e um zimbro no lugar do tradicional pinheiro.
Quando se saía da igreja era quase uma obrigação parar algum tempo ao pé da imponente fogueira, alimentada por gigantescos troncos (de castanheiro, a maior parte), que os rapazes, com grande orgulho, acarretavam em carros de bois.
Mas o melhor do Natal era, então, o reencontro com a família, o hábito - que ainda mantemos - de andarmos, em bando, de casa em casa, a desejar Boas Festas e a provar o fumeiro.
Confesso que me desgosta um pouco o consumismo que actualmente se associa ao Natal, e a que eu própria não consigo fugir. Não me choca que pessoas que afirmam convictamente a sua anti-religiosidade - eu própria, a esta altura, talvez seja cátólica mais por tradição do que por Fé - celebrem o Natal, porque este já assumiu o estatuto de festa universal, que excede as barreiras da crença. Usarmos o Natal como pretexto para estarmos juntos é razão mais do que válida para o celebrarmos, ainda que pareça haver alguma incoerência nessa celebração.
ResponderEliminarAssim é! O Natal, lugar de encontro da Família. E já é tanto nos dias de hoje.
Um beijo
Feliz Natal!
Lídia
Gosto mais desse Natal... que o excesso de luz actual.
ResponderEliminarCada vez menos, Lídia. :)
ResponderEliminarUm beijo e um Natal Feliz!
Eu também, conta corrente. :)
Feliz Natal!