quarta-feira, fevereiro 24, 2016

E por vezes



E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos  E por vezes
encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes
ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites   não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos
E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos
David Mourão-Ferreira (que nasceu no dia 24 de Fevereiro de 1927)

2 comentários:

  1. Nada é sempre igual, apenas por vezes o é.
    Beijo, deep.

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  2. Ainda bem que nada é sempre igual, Isabel, para que possamos tornar-nos mais ricos e mais resistentes.

    Beijo

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