terça-feira, outubro 20, 2015

Tango


Toni Demuro, "Argentina" (da série "Earth")

A propósito de tango, lembrei-me que, há uns anos, fui desafiada pela Hipatia a escrever um texto sobre o tema. Saiu um tosco devaneio, que transcrevo:

Dançar nunca fora o seu forte, embora a música marcasse presença assídua nos seus dias.Tango, então, nem pensar. Já de Tang não poderia dizer o mesmo, ainda que noutros tempos o houvesse apenas com sabor a laranja. Beber Tang é o gesto mais prosaico que se pode ter. Não é preciso sentir sede, nem ser Verão, nem ter visitas em casa. Basta uma dose de gulodice e ter um pacotinho na despensa. Depois, é só deitar o pó num jarro e juntar água – se esta é fresca ou natural, depende do gosto de cada um. Dizem que é melhor com água fresca.

Para se dançar tango também não é necessário ter-se nascido ou estado na Argentina, nem sequer calçar saltos altos ou vestir uma saia com uma racha até ao pescoço. Para se dançar tango, confidenciou-me um apreciador do Piazzola com quem entabulei conversa na sala de estar de um aeroporto, é imprescindível ter-se alma de poeta, uma boa dose de emoção, o mesmo de sensualidade, os gestos suaves de uma ave. A tudo, deve acrescentar-se um olhar de matadora. Cheguei a perguntar ao meu interlocutor se é de todo necessário ter um par, mas já ele respondia apressado à última chamada para o embarque.

4 comentários:

  1. Excelente relação/comparação do Tang com o Tango!!

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  2. Sempre ouvi que para dançar um tango são precisos dois.;) E acredito que sim.
    (Essa analogia com o tang está muito boa!)
    Bom dia, deep.

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  3. Obrigada, Rui.:)

    Isabel, pois é, mas nem sempre havendo dois resulta! Obrigada. :)

    Obrigada, Laura. :)

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