domingo, novembro 16, 2014

No fundo dos relógios

("A persistência da memória", de Salvador Dali)
Demoro-me neste país indeciso
que ainda procura o amor
no fundo dos relógios,
que se abre
como se abrisse os poros solitários
para que neles caiam ossos, vidros, pão.
Demoro-me
no ventre desta cidade
que nenhum navio abandonou
porque lhe faltou a água para a partida,
como por vezes desaparece a estrada
que nos conduz aos lugares
e ali temos que ficar.

Filipa Leal, A Cidade Líquida e outras texturas

3 comentários:

  1. Tão bonito este poema. As persistências e os intermédios sentidos e sentimentos.
    Um beijinho Luisa e bom domingo!

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  2. um belo poema da Filipa...

    bom fim de semana.

    beijinho

    :)

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  3. Paula, conheço pouco da poesia da Filipa, mas gosto de tudo o que conheço.

    Um beijinho e boa semana ;)

    Piedade, é, sim, um belo poema. :)

    Boa semana. Beijinhos

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