domingo, dezembro 08, 2013

Vaza-me os olhos

Vaza-me os olhos: continuarei a ver-te,
tapa-me os ouvidos: continuarei a ouvir-te,
mesmo sem pés chegarei a ti,
mesmo sem boca poderei invocar-te.
Decepa-me os braços: poderei abraçar-te
com o coração como se fosse a mão.
Arranca-me o coração: palpitarás no meu cérebro.
E se me incendiares o cérebro,
levar-te-ei ainda no meu sangue


Rainer Maria Rilke, in Qual é a minha ou a tua língua? - Cem poemas de amor de outras línguas, Assírio e Alvim

4 comentários:


  1. Rainer Maria Rilke, sempre uma boa escolha.

    Para evocar o amor, o corpo é pouco.

    Um beijo

    ResponderEliminar
  2. É certo, Lídia, que o corpo é pouco, mas talvez tenha sido a única forma que encontrou para exprimir uma dor indizível.

    Um beijo e votos de boa semana

    ResponderEliminar
  3. Isso é o que podemos chamar de um amor sem fim. Belo texto. Meu beijo.

    ResponderEliminar
  4. Muito bonito, sim, Jotta Effe Esse. :)

    ResponderEliminar