terça-feira, setembro 10, 2013

Setembro


Setembro ressuscita os nossos mortos
senta-os nas varandas onde secam os figos
e as casulas, onde cheira ainda a maçãs,
e ali, de mãos pousadas no regaço,
desfiam histórias antigas.

Tornam-nos a vida mais breve
essas horas curtas de Setembro,
em que reaprendemos o caminho
dos campos,
a carícia das mãos sobre as uvas,
o doce sumo dos frutos.

Neste mês de luz coada,
em que o sol põe arrepios sobre a pele,
que conserva ainda a memória do verão,
seguiste o caminho que te afastava de mim.

Das amoras, ficou-me esta tinta indelével
na ponta dos dedos.

Deep/ 10 de Setembro de 2013

6 comentários:

  1. Setembro foi, para ti um m~es de partida.

    fizeste dessa partida um poema muito belo.

    eu, digo que Setembro é o meu mês, porque é um mês de chegada.

    muito belo e comovente este teu trabalho.

    a foto que penso ser tua está excelente para o post.

    um beijo

    :)

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  2. Muito obrigada, Piedade! :)
    Um beijo

    (Sim, a foto é minha.)

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  3. "As mãos e os frutos"

    lembrei-me do nosso Eugénio

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  4. Também há-de andar Eugénio nas minhas palavras. Inevitável... :)

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  5. Fervilham emoções nesta "luz coada" de setembro

    A primeira estrofe é sublime!


    Um beijo

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