quinta-feira, novembro 22, 2012

Rosto

Nunca vieste
quando o desejo
fazia um entalhe de sofrimento e apelo
na polpa, madura, do dia.

Nunca vieste
quando um golpe de luar
abria ao lado do meu corpo
um lençol fresco, para acolher-te.

A tua boca não prendeu
a flor dos meus lábios.
Nunca calei no teu beijo
a indizível palavra.

Nunca vieste

Respirei-te no sonho.
A morte terá o teu rosto desconhecido.

Luísa Dacosta, A maresia e o sargaço dos dias

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