quinta-feira, maio 31, 2012

Se eu pudesse

Se eu pudesse iluminar por dentro as palavras de todos os dias
para te dizer, com a simplicidade do bater do coração,
que afinal ao pé de ti apenas sinto as mãos mais frias
e esta ternura dos olhos que se dão.


Nem asas, nem estrelas, nem flores sem chão
- mas o desejo de ser a noite que me guia
e baixinho ao bafo da tua respiração
contar-te todas as minhas covardias.


Ao pé de ti não me apetece ser herói
mas abrir-te mais o abismo que me dói
nos cardos deste sol de morte viva.


Ser como sou e ver-te como és:
dois bichos de suor com sombra aos pés.
Complicações de luas e saliva.


José Gomes Ferreira

4 comentários:

  1. Este poema é, simplesmente, maravilhoso.

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  2. Concordo, de todo! Bom fim-de-semana. :)

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  3. Mar Arável, sei que fez um comentário acerca deste post, mas ficou apenas no meu e-mail. Não sei por que razão não veio aqui parar. Obrigada. :)

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