"As meninas" de Velasquez
“Que ridícula soava a ideia de
uma triste anã querer amar se o amor era um sentimento raro já para as pessoas
normais. Para as pessoas. (...)
Calada, a anã nunca confessaria às vizinhas que as
achava um pouco invejosas. Generosas nas couves e nas batatas, mas invejosas na
expectativa das alegrias. Qualquer coisa boa que tivesse para contar fazia
nascer um sorriso amarelo na cara das outras. Como se as outras ali fossem
carpir a vida e não estivessem nada interessadas em que afinal pudesse ser
melhor, ao menos às vezes, para uma anã. (...) E assim continuavam a conversa
como se a anã tivesse à viva força de ser coitadinha, como a viam e como a
queriam ver, como se a anã fosse digna apenas enquanto permanecesse cabisbaixa
e gemendo, subserviente perante a generosidade social, sem amor, apenas
piedade.”
Assim somos e pensamos muitas vezes: os outros são "anões" a quem não concedemos o direito de serem felizes ou de serem bons em alguma coisa, menos ainda se suspeitarmos que são mais felizes ou melhores do que nós.
Este é um livro sobre a inveja, a mesquinhez, o preconceito, os rótulos e os estereótipos, mas também sobre o amor.
Estava indecisa se havia ou não de comprar este livro, mas, agora, estou totalmente convencida! Obrigada pelo post!
ResponderEliminarEste livro tem personagens adoráveis.
ResponderEliminarCoincidimos na leitura, deep :) Estou a gostar do livro e gostei também da leitura que dele fazes.
ResponderEliminarUm abraço.
Penso, sim, que vale muito a pena. Há uns tempos que pretendia comprá-lo, mas, antes que o fizesse, uma amiga adivinhou a minha vontade e ofereceu-me pelo meu aniversário.
ResponderEliminarUma óptima semana para todos. :)