segunda-feira, agosto 29, 2011

Há pessoas

que nascem pássaros ou estrelas e para quem a realidade representa um peso insustentável. Um dia, cansam-se de pairar na espuma dos dias e restituem-se à condição de pássaros ou de estrelas, deixando-nos estupefactos perante o irreparável, entregues à nossa dor, na vaga esperança de que o tempo a mitigue.

Hoje celebraria mais um aniversário uma dessas pessoas. Partiu há pouco mais de um mês - cedo, muito cedo -, aquela que foi uma companheira de muitas horas, a confidente, a amiga - uma das mais generosas. 
Juntas, desfiámos madrugadas em conversas que pareciam não ter fim, partilhámos músicas, leituras. Juntas, assistimos a concertos, bailados, filmes, peças de teatro e exposições.
Durante anos, escrevemos extensas cartas para encurtarmos a distância de meses e de muitos quilómetros. São essas cartas que ainda guardo - agora com mais carinho -, vários livros, alguma música e, mais importantes do que tudo isso, as memórias de muitos momentos bons.

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