Juan José Millás, em diferentes momentos do seu livro O Mundo, refere que a escrita, como um bisturi eléctrico, "abre feridas e cauteriza-as ao mesmo tempo".
Quando escrevemos, verbalizamos a matéria emocional, tornamo-la palpável e clara, iniciando um processo de auto-análise, ao mesmo tempo doloroso e libertador. Assim nos vamos também conhecendo.
Ler (como escrever) nem sempre se revela um processo pacífico. A leitura não só abre feridas como aprofunda muitas vezes aquelas que nos impeliram para a leitura de certos textos. A cura dessas feridas revela-se por norma mais lenta.
Lemos por obrigação, por prazer, mas fazêmo-lo também por necessidade - para iludirmos a rotina, para abrandarmos a pressão exterior, para nos encontrarmos, perdendo-nos em mundos diferentes do nosso, em que coabitamos com personagens com as quais nos identificamos e das quais tomamos as dores e as alegrias. Mas também para protelarmos o regresso à realidade, que nos oprime, com a qual tememos não saber lidar.
Boa observação essa do sr. Millás.
ResponderEliminarBoa noite.
wandolas
passei por aqui.... gostei
ResponderEliminarmuito bonito.
ResponderEliminarconcordo. penso que a escrita, mais que uma acção, é um processo.
ResponderEliminarA escrita cicatriza as minhas feridas, disso tenho poucas dúvidas.
ResponderEliminar~CC~
Tema cada vez mais premente encarar...
ResponderEliminarOu olhar para o lado...a ver se encontramos algo de agradável.
Logo, vamos à leitura.
...Pois...
desculpem lá, tenho que ir ali tratar dum assunto chato, que não me dá rendimento nenhum ou muito pouco, e talvez já volte.
Entretanto, bons livros, nem que seja só para ler quando conseguimos arranjar disposição e tempo!
Um abraço
António
Escrever é libertar-me de ruídos, de lixos mas é também embelezar; é organizar, limpar a "casa", mudar a decoração.
ResponderEliminarBjs
E como eu gostei de te ler! Bom ano amiga!
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