quarta-feira, agosto 20, 2008

no trilho dos quercus

- São aproximadamente oito quilómetros. O pior são algumas subidas...– adiantou uma das minhas companheiras. Antes de iniciarmos a caminhada, consultámos o relógio: 17h03. Só voltámos a dar-lhe atenção uma hora e um minuto depois. Seguimos o “Trilho dos Quercus”. Ainda não percorreramos muito caminho quando nos cruzamos com três pescadores. A tarde tinha sido proveitosa: haviam pescado, pelo menos, um lúcio e um achigã, que exibiram em resposta à nossa curiosidade. Admirado o tamanho dos bichos, prosseguimos, durante pelo menos uns quarenta minutos, a pouca distância da água, num ritmo que nos permitiu ir alimentando os sentidos. Se as madressilvas, as rosas caninas, os pilriteiros e silvas, nos seus diferentes tons de vermelho, e o voo das libélulas foram extâse para os olhos, os mergulhos dos peixes, o chilrear dos pássaros (entre os quais maçaricos-das-rochas e pilritos) e o restolhar das lagartixas foram as melodias que embalaram o caminhar. No momento em que começámos a afastar-nos da água e nos embrenhámos, sem nunca perdermos o trilho, por uma mata de sobreiros e de carvalhos, o ar tornou-se, então, mais seco, os cheiros mais agrestes e o caminho mais inclinado e poeirento. O percurso seguinte, em descida até ao rio, seco em alguns pontos, tornou-se mais suave e, pelo aproximar da água, mais fresco. Atravessado o rio, esperava-nos nova subida. Pela proximidade de castanheiros e depois de algumas hortas, percebemos que a aldeia não poderia estar longe. Também ali as amoras eram mais e mais maduras. Apesar de não termos como as lavar, não resistimos a saborear algumas, sob o lema “o que não mata engorda”. Antes ainda da aldeia, seguimos um carreiro que rapidamente nos conduziu à praia. Pela luminosidade e pelo número escasso de pessoas, concluimos que não podia faltar muito para as 20horas. Não conseguimos saber em rigor os quilómetros que percorremos, mas aventuro-me a dizer que são mais de oito!

6 comentários:

  1. Há tempos foram os medronhos, agora as amoras e as romãs a despertarem memórias de um tempo que não (me)volta. Abraço.
    PS: vem daí um dia até ao sul, para não ser só o "menino" JVT a tomar café contigo

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  2. Adoro amoras...Cheiram tão bem, a Verão despreocupado...
    Belo trilho esse!

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  3. Com mta pena minha a imagem ñ abriu, fiquei a deliciar-me com a descrição... belíssimo passeio e bem aproveitado por todos os sentidos. Partilhas o percurso, os encontros, o prazer de saborear as amoras, o som dos pássaros, o q vais vendo... e ainda bem, só assim consegui 'acompanhar' do sul as delícias do norte...

    Bjis

    rubia

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  4. Cristina, é talvez por saber que o tempo não volta que tenho tentado aproveitar o mais possível as coisas boas que ainda se me oferecem. Um destes dias, hei-de ir ao Sul tomar um café convosco. :)

    ana maria, também adoro amoras! Nesta zona há alguns trilhos, todos eles bonitos. Este é um dos mais longos, por isso um dos mais variados... só ontem o conheci na totalidade! :)

    rubia, espero que ainda este ano possas usufruir "in loco" destas maravilhas! :)

    Um abraço para todas

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  5. tenho sentido falta de verde, de água doce, de pinheiros.

    por isso gosto tanto de monchique.

    mas tenho de regressar ao gerez ou algo parecido.

    saudades!

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  6. Astor, gosto de mar, sinto-lhe a falta, mas quem me tira a serra...
    Nunca fui fã de pinheiros, continuo a preferir castanheiros, carvalhos, choupos, olmos...
    Não sei se conheces Trás-os-Montes. Se não, é quase um pecado... :)

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