quarta-feira, julho 09, 2008

Nem sempre sou igual...

(Descaradamente roubado à Ana)

Nem sempre sou igual ao que digo e escrevo.
Mudo, mas não mudo muito.
A cor das flores não é a mesma ao sol
De que quando uma nuvem passa
Ou quando entra a noite
E as flores são cor da sombra.


Mas quem olha bem vê que são as mesmas flores.
Por isso quando pareço não concordar comigo,
Reparem bem em mim:
Se estava virado para a direita,
Voltei-me agora para a esquerda,
Mas sou sempre eu, assente sobre os mesmos pés -
O mesmo sempre, graças ao céu e à terra
E aos meus olhos e ouvidos atentos
E à minha clara simplicidade de alma...

Alberto Caeiro

5 comentários:

  1. E quando nos aproveitamos desta sabedoria para na sombra exibirmos cor de Sol? Essa é a grande dificuldade com o outro e comigo.
    Bjs

    P.S. Os desenhos são lindos!

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  2. Poder-nos-ão condenar por isso, Infame?

    Quanto aos desenhos, como não são meus, estou à vontade para dizer: eu também acho!

    Bjs

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  3. Belo poema, não fosse Alberto Caeiro um dos meus preferidos :)

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  4. gosto do Caeiro também , e muito...
    Boa escolha ...
    Cordialmente
    Jrmarto

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  5. Duarte e José Marto, também aprecio Caeiro, como se percebe, mas de todos o Campos!

    Boa semana! Bjs

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