Suponho que a maioria daqueles, com que me cruzo no acaso das ruas, traz consigo (...) uma igual projecção para a guerra inútil do exército sem pendões. E todos terão, como eu, a grande derrota vil, entre os limos e os juncos, sem luar sobre as margens (...).
Assim cada um se sonha, um momento, o chefe do exército de cuja cauda fugiu.
Uns são heróis e prostram cinco homens a uma esquina de ontem. Outros são sedutores e até as mulheres inexistentes lhes não ousaram resistir.
E todos, como enguias num alguidar, se enrolam entre eles e se cruzam e nem saem dos alguidares. Às vezes falam deles os jornais, mas a fama nunca.
Esses são os felizes porque lhes é dado o sonho da estupidez.
(F. Pessoa- Bernardo Soares, O Livro do Desassossego)
E não desistem de "sonhar".
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