Olho-os, falo com eles, questiono-os, repreende-os e, nesta lida quase quotidiana, pouco ou nada me faz adivinhar as histórias, os arranhões e as cicatrizes que as suas memórias jovens guardam. Leio os seus relatos e, através do manejo quase sempre débil de palavras e sentidos, soltam-se vivências, a maior parte dolorosas, excessivamente pesadas para quem na vida percorreu ainda um curto caminho. Página após página, torno-me cúmplice das dores da perda, do abandono, da impotência face ao sofrimento dos outros ou perante a inevitabilidade da morte. Talvez a escrita tenha cumprido a sua função catártica...
À medida, que as histórias se sucedem, sinto-me cada vez mais insignificante no meu egoísmo. Vejo-me forçada a reconhecer o absurdo dos meus surtos de auto-comiseração. E espanto-me como o sonho e a inocência conseguem germinar e crescer em terrenos áridos.
*Título de um poema de Maria Rosa Colaço
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