segunda-feira, dezembro 12, 2005
contra a corrente
E alguém disse:
Fala-nos de Amor.
- Quando o Amor vos fizer sinal, segui-o;
ainda que os seus caminhos sejam duros e difíceis.
E quando as suas asas vos envolverem, entregai-vos;
ainda que a espada escondida na sua plumagem
vos possa ferir.
E quando vos falar, acreditai nele;
apesar da sua voz
poder quebrar os vossos sonhos
como o vento norte ao sacudir os jardins.
Porque assim como o vosso amor
vos engrandece, também deve crucificar-vos.
E assim como se eleva à vossa altura
e acaricia os ramos mais frágeis
que tremem ao sol,
também penetrará até às raízes
sacudindo o seu apego à terra.
Como braçadas de trigo vos leva.
Malha-vos até ficardes nus.
Passa-vos pelo crivo
para vos livrardes do joio.
Mói-vos até à brancura.
Amassa-vos até ficardes maleáveis.
Então entrega-vos ao seu fogo,
para vos transformar
em pão sagrado no festim de Deus.
Tudo isto vos fará o amor,
para vos fazer entender os segredos
do vosso coração,
e por esse conhecimento vos tornar
no coração da vida.
Mas, se no vosso medo,
buscais apenas a paz do amor,
o prazer do amor,
então mais vale cobrir a nudez
e sair do campo do amor,
a caminho do mundo sem estações,
onde podereis rir,
mas nunca todos os vossos risos,
e chorar,
mas nunca todas as vossas lágrimas.
O amor só dá de si mesmo,
e só recebe de si mesmo.
O amor não possui
nem quer ser possuído.
Porque ao amor basta o amor.
Não podeis guiar o curso do amor;
porque o amor, se vos escolher,
marcará ele o vosso curso.
O amor não tem outro desejo
senão consumar-se.
Mas se amarem e tiverem desejos,
deverão ser estes:
Fundir-se e ser um regato corrente
a cantar a sua melodia à noite.
Conhecer a dor excessiva da ternura.
Ser ferido pela própria inteligência do amor,
e sangrar de bom grado e alegremente.
Acordar de manhã com o coração cheio
e agradecer outro dia de amor.
Descansar ao meio dia
e meditar no êxtase do amor.
Voltar a casa ao crepúsculo
e adormecer tendo no coração
uma prece pelo bem amado,
e na boca, um canto de louvor.
(Khalil Gibran)
Gosto de poemas de amor, mas, por norma, menos metafóricos, talvez por ter vergonha de parecer lamechas e ridícula. Hoje resolvi quebrar a regra, porque o meu coração começa a quebrá-la também...
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Oi deep, nãotomei como ofensa, mas sim com uma dúvida legítima que desfiz. Beijos doces.
ResponderEliminarah!?
ResponderEliminarPois é, meu lindo, "o sol quando nasce é para todos" e eu não estou disposta a abdicar de um raiozinho que veio parar à minha rua.
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