domingo, maio 28, 2017

Por vezes


Por vezes, ignoramos o leito do rio,
ignoramos que há barcos que se perdem
na voragem dos dias.

Buscamos, pela tarde,
a sombra das árvores,
o canto primordial de um regato.

Ansiamos por um canto de ave,
pela suave ondulação de uma seara.

Mas vê como, subitamente,
a luz afrouxa com a passagem
das horas.

Repara como a margem
se fez lamacenta,
como é maior agora
a distância entre os meus dedos
e o teu cabelo.

Em breve, nada sobrará
que possa ser, entre nós,
dádiva...

deep, Maio de 2013

7 comentários:

  1. Há sempre barcos à deriva.
    Bom domingo, deep!
    (Tens nova foto :))

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  2. Um poema muito belo. Cheio de encantamento e delicadeza.
    Uma boa semana.
    Beijos.

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  3. Talvez a deriva, por vezes, redunde positiva, Isabel.:)
    Uma foto mais "primaveril", do baú.
    Boa semana.

    CC, obrigada!

    Graça, obrigada.
    Uma boa semana também para si.
    Beijos

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  4. mas por vezes
    os nossos olhos encontrem a beleza e a paz onde mais ninguem repara
    este poema "Por Vezes" está bem escrito e delicioso de ler e muito a meu gosto
    beijinhos
    :)

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