Em repetição por aqui, porque Dezembro não é apenas o Natal e todo o consumismo inerente. Dezembro é, mais do que isso, as memórias do frio, dos gestos pequenos que enchiam o coração e das pessoas cuja presença serena nos abraçava.
Tu ignoras esse Natal
que persiste na minha memória
e me aconchega.
Falo desse Natal que é ainda o meu avô
a abrir, às manhãs frias, a porta
que dava para o cortinheiro*.
Ou um santo António
a assomar numa nota de vinte escudos,
a cor e o aroma das tangerinas
e das laranjas, que se ofertavam ao menino.
O Natal em que a roupa dormia, gelada,
no estendal da varanda,
a chama e o calor da fogueira que procurávamos
depois da missa do galo, quando as luzes da aldeia
se apagavam.
Os almanaques do tio, o arroz doce da tia,
que repousava na sala que só se abria
para as visitas em dias de festa.
Foi num desses natais
que recebi o meu primeiro relógio.
A partir de então,
aprendi a voracidade das horas,
o efeito corruptor do tempo.
deep, Dezembro de 2013
*quintal
Bonito Deep, tanto a imagem como o poema.
ResponderEliminar~CC~
Obrigada, CC. :) Bom domingo. Abraço.
ResponderEliminar"...a voracidade do tempo...", só nos deixa esta indelével certeza:
ResponderEliminararomas emocionais dum tempo onde éramos habitados pelos afetos da família.
Belo poema
Abraço
As memórias dos natais da infância quando a inocência nos inundava o olhar de ternura pelas pessoas e pelas coisas.
ResponderEliminarLindíssimo!
Uma boa semana.
Um beijo.
Obrigada, Luís. :)
ResponderEliminarObrigada, Graça. :) Um beijo.
Boa semana para ambos.
Muito bonito. Gostei.
ResponderEliminarBeijinhos e uma boa semana:)
Obrigada, Isabel. Gosto de te rever por cá. :)
ResponderEliminarBom fim de semana. Beijinhos
do frio não são só memórias :)
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