segunda-feira, janeiro 23, 2017

Eco


Vagas são as promessas e ao longe,
muito longe, uma estrela.
Cruel foi sempre o seu fulgor:
sonâmbulas cidades, ruas íngremes,
passos que dei sem onde.
Era esse o meu reino, e era talvez essa
a voz da própria lua.
Aí ficou gravada a minha sede.
Aí deixei que o fogo me beijasse
pela primeira vez.
Agora tenho as mãos vazias,
regresso e sei que nada me pertence
— nenhum gesto do céu ou da terra.
Apenas o rumor de breves sombras
e um nome já incerto que por mágoa
não consigo esquecer.
Fernando Pinto do Amaral, Poemas Escolhidos

3 comentários:



  1. Gosto muito da Poesia de Fernando Pinto do Amaral.
    Se eu acreditasse numa poesia de género, diria que esta era feminina...

    Um beijo

    Lídia

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  2. Quantas vezes é a mágoa que não nos deixa esquecer, só o fazemos quando nos livramos dela.
    ~CC~

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  3. Conheço mal a poesia do autor, Lídia, mas gosto daquilo que conheço. :)

    Beijo

    CC, felizmente, o tempo apazigua a mágoa. :)
    Beijo

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