Por vezes, sentes que ouvir certas músicas, passar em certos lugares, leres certos textos são puros exercícios de masoquismo. Ouves, passas, lês... sofres. Apesar disso, continuas a ouvir, a passar, a ler...
Ocorre-me, de súbito, um poema da Portia Nelson que mostra como somos tentados a cair repetidamente no mesmo erro. Não sei se é incompetência, masoquismo ou bondade.
O poema: "Autobiografia em cinco pequenos capítulos"
I
Ando numa rua.
Há um grande buraco no passeio.
Caio no buraco.
Sinto-me perdido...
impotente.
A culpa não é minha.
Uma eternidade até que consiga sair do buraco.
II
Caminho na mesma rua.
Há um grande buraco no passeio.
Faço de conta que não o vejo.
Volto a cair no buraco.
Nem quero acreditar que foi no mesmo sítio.
Mas a culpa não é minha.
Vai ser preciso ainda muito tempo para sair do buraco.
III
Ando na mesma rua.
Há um grande buraco no passeio.
Vejo-o muito bem.
Mesmo assim, caio...
Tornou-se um hábito!
Sei onde estou.
A culpa é minha.
Saio do buraco imediatamente.
IV
Ando na mesma rua.
Há um grande buraco.
Contorno-o.
V
Sigo por outra rua.
deep, eu diria que é aprendizagem. Tudo leva o seu tempo e o tempo preciso não é igual para todos.
ResponderEliminarBeijo
Ou, como escreveu o Pessoa, «Cada coisa a seu tempo tem seu tempo. /Não florescem no inverno os arvoredos, /Nem pela primavera
ResponderEliminarTêm branco frio os campos.». Talvez seja isso, Isabel. :)
Beijo