sábado, novembro 29, 2014

Não digas ao que vens

Não digas ao que vens. Deixa-me
adivinhar pelo pó nos teus cabelos
que vento te mandou. É longe a
tua casa? Dou-te a minha: leio nos

teus olhos o cansaço do dia que te
venceu; e, no teu rosto, as sombras
contam-me o resto da viagem. Anda,

vem repousar os martírios da estrada
nas curvas do meu corpo - é um
destino sem dor e sem memória. Tens

sede? Sobra da tarde apenas uma
fatia de laranja - morde-a na minha
boca sem pedires. Não, não me digas
quem és nem ao que vens. Decido eu.


Maria do Rosário Pedreira, Nenhum Nome Depois

3 comentários:

  1. Bonito!
    Tenho lido alguns poemas desta escritora e gosto.
    Um bom domingo (outra vez!)

    ResponderEliminar
  2. Muito bonito, sim, Isabel. :)
    Boa semana!

    ;) Boa semana, Mar Arável.

    ResponderEliminar