sexta-feira, maio 09, 2014

Janelas





Olha essas janelas.
Repara como o tempo
as cingiu num abraço corruptor,
como se fizeram brandas
e silenciosas sobre
o bulício da rua.

Lembra como, outrora,
mãos diligentes ajeitaram
as pregas das cortinas,
as mesmas mãos
que se ergueram
em saudosas despedidas.

Talvez te lembrem juras de amor,
beijos lançados, à socapa,
talvez olhares furtivos…

Olha-as e repara
como se fez noite dentro delas
e lhes nasceram fantasmas

nas entranhas.

deep/ Maio de 2014

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