Tu ignoras esse Natal
que persiste na minha memória
e me aconchega.
Falo desse Natal que é ainda o meu avô
a abrir a porta que dava para o cortinheiro
às manhãs frias.
Ou um santo António
a assomar numa nota de vinte escudos,
a cor e o aroma das tangerinas
e das laranjas, que se ofertavam ao menino.
O Natal em que a roupa dormia, gelada,
no estendal da varanda,
a chama e o calor da fogueira que procurávamos
depois da missa do galo, quando as luzes da aldeia
se apagavam.
Os almanaques do tio, o arroz doce da tia,
que repousava na sala que só se abria
para as visitas em dias de festa.
Foi num desses natais
que recebi o meu primeiro relógio.
A partir de então,
aprendi a voracidade das horas,
o efeito corruptor do tempo.
deep, há minutos
Bonitas recordações!
ResponderEliminarNesse tempo, o Tempo tinha para nós (crianças) outra dimensão!
Lindo texto/poema.
Um beijo
Obrigada, Isabel!
ResponderEliminarUm beijo
todos temos um natal assim, de recordações antes de terem inventado os relógios. obrigado pela partilha. e feliz natal ;)
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarJosé Luís, obrigada pelas palavras e pelos votos. Um Natal Feliz. ;)
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