segunda-feira, maio 20, 2013

E aprendemos

Depois de algum tempo,
aprende-se a subtil diferença
entre tomar uma mão
e aprisionar uma alma,
e aprende-se
que o amor não significa deitar-se
e uma companhia não significa segurança
e começamos a aprender…
Que os beijos não são contratos
e os presentes não são promessas
e começamos a aceitar as nossas derrotas
de cabeça erguida e de olhos abertos
e aprendemos a construir
os nossos caminhos no hoje,
porque o terreno do amanhã
é demasiado inseguro para planos…
e os futuros ficam-se pela metade.
E depois de algum tempo
aprende-se que se for de mais
até o calorzito do sol queima.
Daí que plantemos o nosso próprio jardim
e decoremos a própria alma,
em vez de esperar que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
que realmente somos fortes,
que valemos realmente,
e aprendemos, aprendemos…
e com cada dia aprendemos.

Jorge Luís Borges

5 comentários:

  1. E continuaremos a aprender até ao último dia das nossas vidas! E isso é bom porque não nos acomodamos.
    É um belo poema.
    Boa semana!

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  2. É tão bom que não nos acomodemos, Isabel. :)

    Boa semana. :)

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  3. A essência vital da vida é mesmo essa... viver aprendendo, reaprendendo... Muito bom o poema.

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