Os amigos vêm uma vez ou outra e sentam-se,
mostram-te como são dóceis ou difíceis, ou
como a morte se impede, por eles, de chegar
até ti. São uma barreira contra a morte,
os amigos, acaricias vagamente o seu rosto
ou a sua memória, as palavras não servem
para isso. Por eles vem a geometria do mundo,
neles se perde depois, nem que seja para sempre.
Vê como eles chegam e trazem vinho, tabaco,
vergonha, cartas antigas, recortes de jornais,
músicas que ouvimos antes. Depois sentam-se
chamam-te para o meio deles, emprestam-te
uma palavra ou outra, caminham com vagar,
riem, trazem coisas que esqueces por toda a casa.
Francisco José Viegas, O puro e o impuro
Tão bonito! Este senhor foi meu professor na Universidade, mas é melhor escritor que professor. Eu tb, só que ainda não publiquei nada... ;)
ResponderEliminarOs amigos... Sem dúvida, o que de mais importante a vida nos pode dar, a par da família, dos filhos, do marido, claro.
ResponderEliminarÉ bonito, sim, Dulce. Também gosto deste senhor como orador.
ResponderEliminarHás-de publicar... quem sabe? Tens qualidade para tal. :)
Bjs