sexta-feira, junho 08, 2012

Na luz a prumo



Se as mãos pudessem (as tuas,
as minhas) rasgar o nevoeiro,
entrar na luz a prumo.
Se a voz viesse. Não uma qualquer:
a tua, e na manhã voasse.
E de júbilo cantasse.
Com as tuas mãos, e as minhas,
pudesse entrar no azul, qualquer
azul: o do mar,
o do céu, o da rasteirinha canção
de água corrente. E com elas subisse.
(A ave, as mãos, a voz.)
E fossem chama. Quase.

Eugénio de Andrade

5 comentários:

  1. De uma ternura imensa neste dizer das mãos a rasgar o nevoeiro, a chamar a voz, o azul para que no alto se façam chama...
    É um poema de amor como só Eugénio sabe fazer.

    Um beijo

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  2. Eugénio é, há muito tempo, um dos eleitos.

    Obrigada pelas palavras, Lídia.

    Beijos e bom fim-de-semana. :)

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  3. Fizeste uma excelente escolha poética.
    O Eugénio de Andrade é um dos meus poetas favoritos.
    Querida amiga, tem um bom fim de semana.
    Beijo.

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  4. Lindo. Também adoro Eugénio de Andrade. Tão simples e tão profundo.

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