quarta-feira, maio 09, 2012

As pessoas normais


"As meninas" de Velasquez

“Que ridícula soava a ideia de uma triste anã querer amar se o amor era um sentimento raro já para as pessoas normais. Para as pessoas. (...)     
Calada, a anã nunca confessaria às vizinhas que as achava um pouco invejosas. Generosas nas couves e nas batatas, mas invejosas na expectativa das alegrias. Qualquer coisa boa que tivesse para contar fazia nascer um sorriso amarelo na cara das outras. Como se as outras ali fossem carpir a vida e não estivessem nada interessadas em que afinal pudesse ser melhor, ao menos às vezes, para uma anã. (...) E assim continuavam a conversa como se a anã tivesse à viva força de ser coitadinha, como a viam e como a queriam ver, como se a anã fosse digna apenas enquanto permanecesse cabisbaixa e gemendo, subserviente perante a generosidade social, sem amor, apenas piedade.”

Valter Hugo Mãe, O filho de mil homens


Assim somos e pensamos muitas vezes: os outros são "anões" a quem não concedemos o direito de serem felizes ou de serem bons em alguma coisa, menos ainda se suspeitarmos que são mais felizes ou melhores do que nós.
Este é um livro sobre a inveja, a mesquinhez, o preconceito, os rótulos e os estereótipos, mas também sobre o amor.

4 comentários:

  1. Estava indecisa se havia ou não de comprar este livro, mas, agora, estou totalmente convencida! Obrigada pelo post!

    ResponderEliminar
  2. Este livro tem personagens adoráveis.

    ResponderEliminar
  3. Coincidimos na leitura, deep :) Estou a gostar do livro e gostei também da leitura que dele fazes.
    Um abraço.

    ResponderEliminar
  4. Penso, sim, que vale muito a pena. Há uns tempos que pretendia comprá-lo, mas, antes que o fizesse, uma amiga adivinhou a minha vontade e ofereceu-me pelo meu aniversário.

    Uma óptima semana para todos. :)

    ResponderEliminar