quarta-feira, abril 13, 2011

Assim é... por aqui também...

Há nomes que ficam, sem préstimo, nas agendas,
transitam de ano para ano por inerência
ou desleixo, por vezes o nome próprio
é uma referência obscura, e nunca houve apelido.
Os números, em poucos anos,
passam de mnemónicas a criptogramas,
indicam sem dúvida que nos cruzámos
com gente que se cruza connosco,
que trocámos telefones como se
trocássemos alguma coisa,
mas tudo muda, os conhecidos
tornam-se amigos e depois desconhecidos.
Estes nomes, posso riscá-los
como se fosse velho e eles mortos,
mas os números, como uma praga,
acumulam-se, escritos
com tintas diferentes
e por vezes nas letras erradas.
Não posso desfazer-me das agendas
nem começar uma todos os anos,
mas já não sou o mesmo:
os números observaram as minhas idades
e talvez pudesse agora marcar este
que não me diz nada
e contar tudo
a alguém que não se lembra de mim.


Pedro Mexia, Menos por menos

2 comentários:

  1. vamos deixando as nossas memórias espalhadas por agendas, diários, ou só numa amalgama de pensamentos....

    mas também isso nos recorda que vivemos....

    bjis mtis

    maria3

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  2. adorei, sinceramente, gostei muito do poema!!


    abraço fraterno!

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