sexta-feira, maio 21, 2010

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O lugar onde fui sem projecto nem mapa
O lugar fixo de morrer e renovar


O lugar onde sou nem sombra nem um nome
O lugar que abandono o lugar onde acordo


O lugar onde a vida aguarda um novo vinho
O lugar onde a pedra é todo o meu abrigo


O lugar de tão velho extremamente nítido
O lugar de tão frio no seu estar comigo


O lugar amplidão de todos os lugares
O lugar onde sou de todos os passados


O lugar de embarcar em barcos de papel
O lugar da conquista das cavernas do vento


O lugar de ser triste e esperar o infinito
O lugar de sorrir da viagem no início


O lugar da cisterna o lugar da latada
O lugar da debulha de tanta inútil lágrima


O lugar onde sou de raízes queimadas
Esquecimento só de todos os lugares.


José Martins Garcia, No Crescer dos Dias

(Neste volume, os poemas do autor não têm título, apenas um número.)

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