sexta-feira, janeiro 08, 2010

perto do céu

(O Douro e os socalcos vistos do miradouro de S. Leonardo de Galafura, 07 de Janeiro de 2010)
"S. Leonardo de Galafura, 8 de Abril de 1977 O Doiro sublimado. O prodígio de uma paisagem que deixa de o ser à força de se desmedir. Não é um panorama que os olhos contemplam: é um excesso de natureza. Socalcos que são passadas de homens titânicos a subir as encostas, volumes, cores e modelações que nenhum escultor, pintor ou músico podem traduzir, horizontes dilatados para além dos limiares plausíveis da visão. Um universo virginal, como se tivesse acabado de nascer, e já eterno pela harmonia, pela serenidade, pelo silêncio que nem o rio se atreve a quebrar, ora a sumir-se furtivo por detrás dos montes, ora pasmado lá no fundo a reflectir o seu próprio assombro. Um poema geológico. A beleza absoluta." Miguel Torga, Diário XII
Há lugares assim... onde nos sentimos prestes a tocar o céu, onde o olhar se perde num extâse eterno. Há lugares assim... que limpam a alma e excedem o poder das palavras. Há assim lugares... que fazem parecer menor o ar gélido deste Inverno transmontano que vai peneirando neve sobre as serras próximas.

5 comentários:

  1. perto do céu
    nas profundezas da alma.
    o olhar voa,
    plana encostas,
    que braços transformaram em maravilha e
    mergulha no rio domesticado.
    também aí, deep, sonhei, tal como tu, Torga.
    eternamente Torga.

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  2. De facto, Miguel Torga tinha esta forma única de dizer o seu amor por este universo profundo e belo... Para mim "Um Reino Maravilhoso" continua a ser um dos textos mais lindos jamais escrito... por mais que o leia, sempre me assomam as lágrimas...

    Beijinho Deep, e obrigada por estes preciosos momentos de partilha...

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  3. Coincidências transmontanas... Os enganos ao Reino Maravilhoso também me conduziram a Torga, talvez porque exprimia o mar de pedras como ninguém... Curioso... :)

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  4. Olá,
    é bem verdade
    a minha região é muito linda.
    que saudades
    Cumprimentos!

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  5. Carlos, conheci aquele lugar, há mais de vinte anos, através do poema homónimo de Torga; há uns 7/8 anos, tive o privilégio de ir lá e mais umas vezes depois. Não me canso de estar ali...

    Virgínia, partilhar maravilhas assim é um prazer!

    Cavaleiro, também me apercebi da coincidência!

    Valentim Coelho, se é!...

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