Naquele "pic-nic" de burguesas,
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde
Houve uma coisa simplesmente bela,
E que, sem ter história nem grandezas,
Em todo o caso dava uma aguarela.
Foi quando tu, descendo do burrico,
Foste colher, sem imposturas tolas,
A um granzoal azul de grão-de-bico
Um ramalhete rubro de papoulas.
Pouco depois, em cima duns penhascos,
Nós acampámos, inda o sol se via;
E houve talhadas de melão, damascos,
E pão de ló molhado em malvasia.
Mas, todo púrpuro, a sair da renda
Dos teus dois seios como duas rolas
Era o supremo encanto da merenda
O ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde
Esta tarde, não haverá burguesas, nem burricos, nem outras coisas que Cesário Verde enumera, mas, se a chuva não nos surpreender, haverá um piquenique. Bom trabalho para quem não pode, como nós, gozar o feriado!
Pela parte que me toca, obrigada.
ResponderEliminarA manhã foi passada no emprego habitual e a tarde nas lides domésticas.Nesta pequena pausa aproveitei para ver o que por aqui havia de novo. Como não podia deixar de ser fiquei com água na boca:))!
Espero que o feriado tenha e ainda esteja a ser bem passado.
Bjos.
wandolas
Cesário Verde, o poeta que tenta fugir ao lirismo e expressar-se o mais naturalmente que lhe é possível.
ResponderEliminarEste poema é um exemplo disso mesmo.
Boa escolha!
Um beijo