segunda-feira, outubro 31, 2005

poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo. (...) Eu, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado, Para fora da possibilidade do soco; Eu que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo. Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe - todos eles são príncipes - na vida... Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiçam e me falam. (...) Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? (...) Pessoa - Álvaro de Campos

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